terça-feira, 8 de novembro de 2022

1977 Di Glauber – um filme marginal?

 No dia 11 de março de 1977 o curta-metragem Di-Glauber, do cineasta Glauber Rocha sobre a morte do pintor Di Cavalcanti fez sua estreia na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, provocando risos e aplausos na plateia composta por 500 cinéfilos.

Mas foi somente dois anos após sua estreia, quando exibido em circuito comercial, que o filme foi apreendido através de um mandado de segurança impetrado pela filha do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti, sob a alegação de que o filme “denigre a imagem do pintor Di Cavalcanti física e moralmente”,[1] que é uma “usurpação da imagem”, e que faz “apologia da morte”. Na sentença da interdição do filme a alegação era de que “causa uma clara lesão à personalidade de Di Cavalcanti”; “fere o sentimento íntimo dos herdeiros”; “filha se sente chocada ao se defrontar com a face patética do seu pai”. Um perito chega ao extremo de afirmar numa matéria do jornal O Globo, de 02 de junho de 1981: “É toda uma demoníaca montagem tendo como centro o corpo do pintor, ficando inclusive sua face deformada pela moléstia”.

Outro ponto que gostaríamos de levantar, diz respeito às próprias declarações do cineasta Glauber Rocha sobre o movimento do cinema marginal por ele denominado de udigrudi. Em entrevista a revista Debate e crítica, em abril de 1975 o cineasta afirma: “Os filmes udigrudi são ideologicamente reacionários porque psicologistas e porque incorporam o caos social sem assumir a crítica da história e formalmente, por isso mesmo, regressivo. São uma mistura de Godard anarquista pré-67 e do formalismo fenomenológico e descritivo de Warhol, e nenhum deles conseguiu o que pretendia: liberar o inconsciente coletivo subdesenvolvido num espetáculo audiovisual totalizante.” (citado em Sidney Rezende (organizador) Ideário de Glauber Rocha. Philobiblion, Rio de Janeiro, 1986, p. 80).

A declaração acima do cineasta é resultado de uma polêmica entre os cineastas marginais e os cineastas do Cinema Novo. Nos anos de 1969 e 1970 os cineastas Rogério Sganzerla, Júlio Bressane e a atriz Helena Inêz deram entrevistas na imprensa, criticando e ironizando o Cinema Novo. Glauber Rocha não deixou por menos e também fez as suas críticas ao cinema marginal. Chegou ao ponto de afirmar que o único filme realmente underground é Câncer (1969) dirigido pelo próprio cineasta. (em Ramos, obra citada, p. 388). De fato, Câncer é sem sombra de dúvida, o filme de Glauber Rocha considerado “marginal”

TERRA EM TRANSE 1967

 






O Rei da Vela deu-nos a consciência de pertencermos a uma geração. Pela primeira vez eu sinto isso. Há uma geração que vai começar a intercambiar, começar a criar. Fui violentamente influenciado por Terra em transe. Hoje, fico satisfeito em saber que Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Leon Hirschmann, Gustavo Dahl e tantos outros receberam o que eu quis comunicar com o espetáculo. Fico satisfeito de Caetano Veloso ter escrito que agora compõe “depois” de ter visto O Rei da Vela. Que o Nelson Leirner acha a coisa tão importante como o neodadaísmo na pintura..

ZÉ CELSO

O livro de Caio Prado Junior, A Revolução Brasileira, passava de mão em mão. Celso Furtado, Mário da Silva Brito, Régis Debray, Artaud, Maiakovski, circo, teatro, ópera, avacalhação, deboche. Da chanchada a Terra em transe, de Glauber, que seria nosso homenageado no programa da peça, tudo nos distrai, enquanto corações despedaçados procuravam sobreviver.





O JARDIM DAS AFLIÇÕES

 A vida de um homem na Terra se estende até quando dura sua obra.


A saudade do Olavo aperta, sim, no peito, e nos faz sentir como filhos sem a instrução de um pai.

Mas, graças aos esforços deste mesmo pai, o sentimento some assim que lemos um texto seu ou escutamos sua voz nas incontáveis aulas que gravou.

Afinal, como ele mesmo disse: "não é porque eu morri que eu parei de falar."

Porque grandes homens impregnam sua obra com a própria personalidade.

Hoje, meses depois de ter nos deixado, suas previsões continuam acertadas e seus ensinamentos insistem em se manter recentes e penetrantes.



segunda-feira, 7 de novembro de 2022

OLAVO TEM RAZÃO

 "Tudo em volta induz à loucura, ao infantilismo, à exasperação imaginativa." (Olavo de Carvalho)


No último domingo, junto do entardecer veio a derrota; e com ela, o caos e o desespero de alguns.

Mais uma vez, o comunismo colocou as mãos no Brasil.
Vimos o crime e a impunidade aplaudirem, histericamente, a investida comunista que ameaça o país.
Como um câncer reincidente, a ideologia miserável que devasta nossos vizinhos se esgueirou na mentira, na mídia e no establishment, e agora retoma sua marcha terminal.

Apesar da gravidade do momento, nada disso escandaliza ou esmorece os alunos do professor Olavo de Carvalho.
O que vivemos antes foi apenas uma aparente folga de quatro anos.
E não mais do que isto.
O ambiente cultural permanece baixo e em declínio. Ele precisa de saneamento, antes mesmo de pensar em qualquer ação política, como o professor já disse inúmeras vezes.
Por um momento, o povo brasileiro vislumbrou uma pequena esperança.
Mas agora, parece restar apenas a completa escuridão.


TERRA EM TRANSE

 








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