sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Rondonopolis - Arte Rupestre mais importante do Cerrado


Símbolos na arte rupestre sob o olhar da Arqueologia Cognitiva: considerações analíticas sobre o sítio Conjunto da Falha, Cidade de Pedra, Rondonópolis


O grande número de sítios existentes na região da Cidade de Pedra, localizada no município de Rondonópolis, Mato Grosso, aliado à variedade formal, temática e de técnicas aplicadas nas construções dos painéis rupestres, marcam fortemente a paisagem da região. Neste artigo, será analisado, mais detalhadamente, o sítio rupestre da Falha sob o viés da Arqueologia Cognitiva, reforçando a importância da relação estrutural entre suporte/registro gráfico na construção de uma linguagem simbólica. Unindo a materialidade do sítio da Falha com as propostas teóricas das ciências do conhecimento, será apresentada uma discussão sobre os registros rupestres socialmente organizados, que refletem as crenças e escolhas culturais do grupo pretérito responsável pela sua organização, em estreita relação com o suporte, como parte essencial da construção da mensagem, tornando-se uma categoria semântica em conjunto com os grafismos.

Portanto, é perceptível que os locais foram estrategicamente escolhidos e a intenção da escolha está diretamente relacionada com o diálogo, com a articulação de uma mensagem criada a partir da interrelação do suporte e das temáticas.

Compreendemos, assim, que existe, na construção do código visual desse sítio, uma dialética entre continuidade comunitária (sinais complexos repetidos), estrutura (sinais simples) e inovação (sinais originais presentes apenas nesse sítio). Dessa forma, quando analisados em contexto, esses dados permitem evidenciar comportamentos sociais, através das expressões cognitivas dos grupos responsáveis por sua criação.

https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/xPxtQLB4Ht5SzThFYWLkYhy/#

 

Queimadas no Pantanal

 A maioria das queimadas ocorreu em áreas naturais, principalmente campestres. O maior município do Pantanal, Corumbá, no Mato Grosso do Sul, foi o mais afetado por incêndios no primeiro semestre 2024.



Pantanal foi o bioma que mais secou nas últimas décadas, com 61% de redução da superfície de água em 2023 em relação a média histórica. Ao mesmo tempo, os incêndios são mais frequentes no bioma, com 7,2 milhões de hectares (73%) queimados duas ou mais vezes, o que dificulta a recuperação dos ecossistemas naturais. Em 2024, não houve o esperado pico de cheia, e os incêndios começaram mais cedo do que o previsto. O mês de junho registou a maior área queimada (370 mil hectares) no bioma no primeiro semestre já observada pelo Monitor do Fogo. Além disso, a menor precipitação entre janeiro a maio deste ano, quando comparada aos anos anteriores desde a última grande cheia em 2018, indica um retorno de condições de seca extrema






Misterios do Cerrado


 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Koan zen

 Quando um jovem estudante Zen, visitou um mestre após outro. Ele então foi até Dokuon de Shokoku. Desejando mostrar o quanto já sabia, ele disse, vaidoso: “A mente, Buddha, e os seres sencientes, além de tudo, não existem. A verdadeira natureza dos fenómenos é vazia. Não há realização, nenhuma delusão, nenhum sábio, nenhuma mediocridade. Não há o Dar e tampouco nada a receber!”

Dokuon, que estava fumando pacientemente, nada disse. Subitamente ele acertou Yamaoka na cabeça com seu longo cachimbo de bambu. Isto fez o jovem ficar muito irritado, gritando insultos.
“Se nada existe,” perguntou, calmo, Dokuon, “de onde veio toda esta sua raiva?”

Monte Gridhrakuta (Pico do Abutre), Local onde foi proferido o Sutra do Lótus, Rajgir


 

terça-feira, 7 de maio de 2024

LABIRINTOS

 

Moeda com a representação do labirinto. Século V a.C. Museu Nacional Romano, Roma.



Até hoje o fio de Ariadne é constantemente citado nos âmbitos da filosofia, da ciência, dos mitos e da espiritualidade, entre outras esferas que reivindicam seu significado metafórico. Vinculado ao símbolo do labirinto, ele é constantemente visto como a imagem com a qual se tece a teia que guia o Homem na sua jornada interior, e o ajuda a se desenredar do caminho labiríntico que percorre em sua busca do autoconhecimento.

O Labirinto é o Outro Mundo, ou assim como chamam os galeses, o Annwn. O monstro que o habita é o rei deste mundo, o Zeus Ínfero. Portanto a conquista do Labirinto fará de Teseu, o maior dos heróis, e lhe garantirá a mão da rainha do sub-mundo, Ariadne.


Este mosaico encontrado na villa romana de Loigersfelder, perto de Salzburgo (Áustria), recria o mito de Teseu e da sua luta contra o Minotauro no labirinto. Museu de História de Arte, Viena. A opulenta Casa dos Repuxos da cidade romana de Conímbriga continha também um mosaico do Minotauromosaico do Minotauro.

Dentre os símbolos que indicam a presença das forças ínferas, a serpente é provavelmente o ser mais intimamente ligado às profundezas. Carregando consigo os princípios femininos de mistério, magia e fertilidade. Lembremos portanto da deusa das serpentes cretense e do dragão ( lingwurm ) morto por Sigurd. Indra é aquele que matando o dragão vivifica a terra e a fertiliza. A serpente é também um dos símbolos de Shiva o perfeito yogui , o deus do equilíbrio, da destruição e da criação. A serpente é também aquela que submerge o jovem Krishna nos mistério de maya, fazendo-o aperceber-se de sua essência divina. O mesmo movimento é feito por Hades quando viperiforme abduz Perséfone fazendo-o aperceber-se de sua divindade como rainha do submundo.

O símbolo da serpente não está presente no rei do Labirinto, o Minotauro, ela, neste mito é um dos atributos de Ariadne; a serpente é o fio de Ariadne. Possivelmente, nas fontes mais antigas do mito, o fio não apenas teria retirado Teseu do Labirinto, como também o teria levado à presença do Deus Touro. Para compreendermos a simbologia do fio devemos levar em conta de que a corda é um dos princípios originários da magia. Lembremos de Ódin, e de que o deus viking é o senhor dos enforcados, lembremos do anel dos Nibelungos, que faz o tesouro dos anões se multiplicar, e do deus urânico do Rig-Veda, Varuna, senhor das amarras. A palavra em sânscrito para amarra, nó, é sina , que no vocabulário latino é a palavra para destino, a maya suprema.

Ariadne é uma mulher mortal associada ao divino, considerada ainda, como a Senhora dos Labirintos. Ariadne também é retratada como líder das extasiantes mênades dançantes, as mulheres seguidoras de Dionísio.

O labirinto na Alquimia

O labirinto é uma figura presente na alquimia, embora não seja uma das representações mais recorrentes. No entanto, foi usado de forma habitual pelos alquimistas da Idade Média, pois demonstra sua presença em alguns manuscritos dedicados a esse assunto.

Na tradição alquímica o labirinto simboliza os desafios e as aflições que os Iniciados precisam atravessar para se depurar espiritualmente e assim alcançar a tão sonhada pedra filosofal, ou seja, a perfeição. É neste momento que o Adepto alcança o núcleo de si mesmo. Os alquimistas acreditam no que se denomina Labirinto de Salomão ou labirinto das catedrais, uma imagem predominante na filosofia cabalista, que encabeça alguns manuscritos dessa ciência oculta.

Entre os gnósticos o labirinto também tem uma conotação iniciática, pois o Adepto deve percorrer seus caminhos, passando assim por uma espécie de âmago espiritual invisível, onde ocorre a conversão das sombras em luz e, assim, uma renovação pessoal. É quando o Ser se depara finalmente com a verdade que busca. Para os atuais gnósticos, todos necessitam sair do labirinto da mente em que vivem e alcançar o lábaro do templo interior, onde receberão instrução e luz.

Fulcanelli, considerava o labirinto como um símbolo do trabalho na Grande Obra, com suas duas maiores dificuldades: escolher o caminho que é preciso ser trilhado até alcançar-se o centro e o caminho de saída com o fio de Ariadne para não se extraviar nos desvios da Obra tornando impossível o regresso.


O labirinto simbolizava o difícil caminho até Deus com uma só entrada (o nascimento) e um centro claramente definido (o próprio Deus).

Com esta simbologia, os construtores medievais utilizaram os labirintos nos pisos de diversas igrejas. Eram estes feitos com ladrilhos no formato circular ou octogonal. Dentre estes podemos destacar os das catedrais de Amiens, Chartres e Reims. O motivo do labirinto estava também relacionado com a peregrinação à Terra Santa e foi por isso chamado de Légua de Jerusalém. Os fieis seguiam os caminhos dos labirintos de joelhos, o que lhes valiam indulgências pelos seus pecados. Era portanto, uma forma de penitência.

De todos os labirintos medievais que encontramos em igrejas ou catedrais, o mais conhecido atualmente é, sem dúvida, o da catedral de Chartres, projetado pelo arquiteto Villiard de Honnecurt no século XIII e que hoje ainda pode ser visto em boas condições, com as onze Anéis concêntricos e seus 12 metros e meio de diâmetro. A luz que inunda a catedral por seus vitrais em 22 de agosto (correspondente ao 15 de agosto no calendário juliano usado na Idade Média) faz com que a imagem da Virgem localizada na janela ocidental seja projetada no centro do labirinto.

O labirinto de Chartres é redondo e suas pedras negras marcam o percurso – em pedras brancas – a ser feito a pé ou de joelhos. A borda é finamente trabalhada, assim como o centro, rodeado por um desenho florido.

A renda de pedra que rodeia o labirinto estabelece uma fronteira entre o sagrado e o profano.

O labirinto de Chartres associa a espiritualidade cisterciense ao desejo de fazer da catedral um modelo de perfeição acabada, espelho da Ordem do Universo.

No centro do labirinto havia uma extraordinária placa de cobre. Não sabemos que imagens estavam nela representadas, pois as testemunhas pós-medievais já as viram muito apagadas.

No dia da festa da Assunção de Nossa Senhora (no Calendário Juliano, ainda em uso na Idade Média), um raio de sol atravessava o vitral central da fachada e projetava a imagem de Nossa Senhora sobre o cobre, produzindo um efeito luminoso colorido de esplendor incomparável.

Esse centro é chamado de Paraíso, ou também de Jerusalém, aplicando-se o termo à Jerusalém celeste e à Jerusalém pela qual os Cruzados combatiam.

Na catedral de Reims, o percurso dentro do Labirinto recebia o nome de “Caminho de Jerusalém” e era percorrido recitando-se as orações contidas num livrinho de devoção especial.

Quem ingressa no Labirinto deve caminhar através de onze anéis até chegar ao Paraíso. O número 11 é simbólico e ensina que é um caminho a ser percorrido pelo pecador.

Esses onze anéis sinalizam o conjunto das peripécias que o homem concebido no pecado deve atravessar no decurso da vida.

Ele encontra obstáculos, voltas e desvios, retrocessos inesperados que o obrigam a começar tudo de novo.

Sua vida está cheia dessas idas e vindas, das voltas que não se entendem, das aparentes aniquilações dos trabalhos feitos, da necessidade de reiniciar uma e outra vez.


Lição moral do labirinto

Essas situações da vida real, nas quais o caminho parece perdido e o trabalho de uma vida desperdiçado, em que não se vê mais o ponto de chegada, também são momentos de tentação.

Tentação de desânimo, de desesperança, de largar os braços, de renunciar ao caminho, de desistir da salvação.

Esses são os momentos do anjo da perdição – representado pelo demoníaco Minotauro da lenda de Creta – que figura de modo pagão o demônio do desespero que assalta os homens no meio de alguma curva da vida.

Porém, no Labirinto de Chartres, está representado também o novelo misterioso que ajuda o pecador a não se perder e a vencer a tentação: a graça divina. O centro do Labirinto representa a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Portanto, Àquele que é o criador da graça e que a dispensa a todos os que perseveram no labirinto da vida, impedindo que se percam ou que caiam nas armadilhas e nos embustes que enchem a passagem do homem pela Terra.

A condição para o fiel é uma só: nunca largar o fio do novelo, inclusive no momento em que tudo parece rumar no contra-senso ou para trás.

Originalmente publicado em : https://www.beatrix.pro.br/donzela-tecela/labirinto/












7 de Maio




 

Emas


 

Arquivo do blog