quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A pesada ausência de Robert Kurz - Por Arlindenor Pedro*


Marxista antidogmático, ele seguiu (mas ultrapassou) Escola de Frankfurt. Viu na queda da União Soviética sinal da crise do capitalismo

Foi enterrado nesta quinta-feira (26/7), em Nuremberg (Alemanha), o filósofo alemão Robert Kurz, morto dia 18, vítima de uma sequência de operações.

A notícia de sua morte foi anunciada, de forma lacônica, nas paginas da revista Exit! [versão parcial em português aqui], que ele ajudou a fundar em 2004, após a cisão do grupo Krisis onde atuou desde 1986, exercendo importante papel, como editor e publicista. Seu enterro foi marcado para o cemitério daquela cidade, para ser realizado em 26 de julho. No convite, a direção de Exit! fez questão de sugerir que seus amigos não gastassem dinheiro com flores e coroas, guardando seus recursos para eventuais ajudas à revista, que foi a trincheira política desse importante pensador do mundo contemporâneo.

Mas, mesmo nas linhas austeras que anunciaram sua morte, era possível perceber a emoção de seus companheiros, pois sabiam, como nós, a importância daquela perda. Assim se pronunciou a revista: ¨… Com a sua morte, a teoria crítica perde um pensador lutador e um crítico radical, num tempo em que mais que nunca se exige ‘derrubar todas as condições em que o homem surge como um ser humilhado, escravizado, abandonado, desprezível’. Bobby viveu e lutou por isso. A crítica da dissociação e do valor e a revista teórica Exit! perdem um teórico marcante e não será fácil preencher a sua falta. Vamos tentar.¨

A tarefa não será fácil porque Kurz firmou-se como um dos mais importantes teóricos marxistas e críticos do capitalismo contemporâneo, exercendo, através de seus constantes artigos e livros publicados, uma influência decisiva na formulação dos novos rumos dos movimentos revolucionários em todo o mundo.

Kurz foi um crítico impiedoso dos conceitos gerais do chamado “marxismo oficial”, desenvolvido pela esquerda dogmática e positivista. Ela ajudou a burguesia liberal a erigir a sociedade da mercadoria em que atualmente o mundo está atolado, levando a humanidade a uma situação de penúria sem precedentes. Para o filósofo, o movimento socialista serviu, em ultima instância, como avalizador das relações de consumo em que vivemos.

Como alternativa, propunha, em seus escritos, um novo olhar para as obras de Marx. Ressaltava os estudos sobre o trabalho abstrato e fetiche da mercadoria, abandonados pelo marxismo oficial. Este optou em ver dogmaticamente o proletariado como o motor principal de mudanças na sociedade. Omitiu-se da luta pela destruição do Estado e da construção de uma nova sociedade onde a mercadoria e o dinheiro não mais seriam os elementos de intermediação entre o homem e a natureza.

Corajoso, Kurz propunha rever os conceitos iluministas que nortearam a construção da sociedade racional, plenamente firmada após a terceira revolução industrial, com a incorporação da ciência ao processo produtivo e o declínio – tanto numérico, quanto político – da classe trabalhadora. Em muitos aspectos, ela tornou-se secundária ou mesmo desnecessária para economia capitalista.
Robert Kurz insere-se na vertente de pensadores marxistas que se preocupava (como a Escola de Frankfurt) com a impossibilidade do homem moderno encontrar sua plena existência num mundo de ampla oferta de mercadorias. Porém, seu pensamento vai além.

O aspecto mais atual do seu pensamento está em interpretar a situação do homem contemporâneo à luz da critica de Marx ao valor. Para isso, Kurz parte do estudo da visão marxiana desenvolvida na Critica da Economia Política, colocando em relevo o conceito de fetiche da mercadoria. Entende o pensamento de Marx como constatação e critica da redução de toda a vida humana ao valor, isto é, à economia. Opõe-se, portanto, à corrente marxista que via a exploração econômica como o mal maior do capitalismo e propunha uma sociedade em que a economia não seria usada para a exploração de uma classe sobre a outra, Kurtz, remetendo ao próprio Marx, concebe a esfera econômica como oposta, ela própria, à totalidade da vida. Aí está sua originalidade.

Seu livro mais conhecido publicado no Brasil, O Colapso da Modernização, mostra que a debacle do chamado “socialismo real”, da extinta União Soviética, só poderá ser entendida ser analisada à luz da crise geral que vive o sistema capitalista.

Com um prefácio primoroso de Robert Schwartz, um entusiasta das ideias de Kurz, esta obra sugere que as mudanças operadas no seio da economia internacional vão conduzir o sistema capitalista a uma falência de proporções catastróficas. A aparente “vitória” das sociedades de mercado, com a queda do Muro de Berlim e da União Soviética em 1989-90, seria uma vitória de Pirro do sistema. Os anos passados desde sua publicação (em 1999) só tornaram o livro mais importante para o entendimento da economia mundial e particularmente a economia de mercado do Brasil.
Para um melhor entendimento das ideias deste importante filósofo, vale ler uma entrevista que concedeu à revista brasileira “IHU online” em março de 2009, quando esteve no país para participar do Fórum Social Mundial.

Serra da Mantiqueira, julho de 2012.

* Arlindenor Pedro [email | blog], é professor de história, funcionário público e especialista em Projetos Educacionais. Anistiado por sua oposição ao Regime Militar, atualmente dedica-se à produção de flores tropicais na Região das Agulhas Negras.
Fonte: http://www.outraspalavras.net/

Robert Kurz

No seu “Manifesto contra o Trabalho“, publicado em 1999, o grupo de Kurz contesta a tradicional noção marxista que põe a luta de classes como motor da história. Para o Krisis, a relação entre burguesia e proletariado não é uma luta entre revolucionários e opressores, mas entre dois interesses opostos e necessários ao capitalismo, como integrantes de um único “campo de trabalho”.
Em 2004, o grupo sofreu uma cisão, com Kurz e outros integrantes se reagrupando em torno da revista “EXIT!”. O livro mais conhecido do filósofo no Brasil é “O colapso da modernização”, lançado em 1991, com prefácio do crítico Roberto Schwarz. Na obra, escrita após a queda do Muro de Berlim, Kurz vê na derrocada da URSS o fracasso de um regime imposto como forma de “modernização recuperadora” e prevê futuras crises no capitalismo. Visitante frequente do Brasil, Kurz também colaborava com o caderno “Mais!”, que antecedeu a “Ilustríssima”.
Fonte: Folha UOL


Manifesto Contra o Trabalho


Manifesto Contra o Trabalho


Robert Kurz homenagem


O CRESCIMENTO DUVIDOSO DA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL


A crise da dívida da União Europeia e dos EUA prossegue animadamente, mas isso pouco parece conseguir prejudicar a conjuntura económica mundial. Em particular, a indústria de exportação alemã imagina-se numa Primavera duradoura. Sobretudo as empresas automobilísticas, que registam sucessivamente novos recordes. Isto prova que a produção de automóveis continua a ser um sector-chave do capitalismo. Neste ramo pode ver-se exemplarmente para onde vai o percurso económico. Estarão então certas as previsões optimistas que pretendem ver para a próxima década uma retoma económica sem fim da economia real?

Vale a pena observar mais de perto a estrutura do boom da indústria automóvel. As vendas na Europa parecem continuar a cair. Em compensação está explodindo a exportação para os países emergentes, especialmente a China, e para os EUA. Se essa situação fosse sustentável a prazo ela estimularia o consumo das grandes massas populares com carros pequenos e médios, enquanto o segmento de luxo poderia formar apenas o cume de uma base ampla. Mas passa-se exactamente o contrário. A carga propulsora do suposto milagre da indústria automóvel são os ostentosos carros de luxo da Daimler, BMW e Audi e os desportivos da Porsche.

Na China, tal como nos EUA, continua a aumentar o fosso entre ricos e pobres. Este é um problema social e económico: Se o consumo de automóveis em massa quase não se verifica no segmento de menor renda, isso é um sinal da natureza febril do crescimento baseado no segmento de luxo. Trata-se de uma prosperidade fictícia baseada no crédito e nas bolhas financeiras.

A nova classe média com capacidade de pagamento na China, cuja dimensão é ilusória em virtude da massa oculta da população, não tem fundamento sólido. Ela está associada ao aumento especulativo de edifícios residenciais e de escritórios em grande parte vagos, estádios e outros investimentos ruinosos, que foi orquestrado por quadros partidários corruptos a nível local e regional. O seu consumo de luxo é financiado a crédito ou com rendimentos irregulares. Muito semelhante é o caso dos EUA, onde as injeções financeiras constantes do governo e da Reserva Federal só chegam a uma minoria.

Realmente não é preciso esperar pelo próximo colapso financeiro para ver que os consumidores de luxo globais se excederam - mesmo no muito aclamado país das maravilhas alemão: Os grandes carros quase não são vendidos a pronto, mas sim em leasing. É possível comprá-los com uma prestação mensal relativamente modesta. É que o fôlego do financiamento já é curto porque para muitos o limite do rendimento já foi atingido.

Mas os carros de prestígio de alta potência são tão artilhados que as reparações se tornam necessárias rapidamente. O que ainda era relativamente barato num carro pequeno antes da electrónica atinge logo 800 ou 1000 euros nos carros mais caros. Na Alemanha e não só as maravilhas adquiridas em leasing acumulam-se nos stands e nas oficinas porque os seus orgulhosos utilizadores não conseguem pagar a reparação (ou a próxima renda). Um pequeno indício de que o boom dos automóveis de gama alta poderá ser tão duvidoso como o boom imobiliário.

Original Faule Autokonjunktur in www.exit-online.orgPublicado em Neues Deutschland, 04.06.2012.

Morre Robert Kurz


Robert Kurz, autor de 'O Colapso da Modernização', morre aos 68
Filósofo e sociólogo alemão teve complicações em cirurgia há 11 diasDE SÃO PAULO
O filósofo e sociólogo alemão Robert Kurz morreu no último dia 18 de julho, aos 68 anos -segundo sua viúva, em decorrência de complicações cirúrgicas logo depois de uma operação no pâncreas.
Considerado inovador da tradição marxista, Kurz, nascido em Nuremberg em 1943, participou da criação da revista e do grupo Krisis, em torno dos quais se desenvolveu a chamada Wertkritik (crítica do valor, em alemão).
A Wertkritik é uma vertente teórica que se propõe a criticar a sociedade capitalista do ponto de vista da produção de mercadorias, usando como principal referencial o conceito de fetichismo da mercadoria tal como proposto por Karl Marx (1818-1883).
No seu "Manifesto contra o Trabalho", publicado em 1999, o grupo de Kurz contesta a tradicional noção marxista que põe a luta de classes como motor da história.
Para o Krisis, a relação entre burguesia e proletariado não é uma luta entre revolucionários e opressores, mas entre dois interesses opostos e necessários ao capitalismo, como integrantes de um único "campo de trabalho".
Em 2004, o grupo sofreu uma cisão, com Kurz e outros integrantes se reagrupando em torno da revista "EXIT!".
O livro mais conhecido do filósofo no Brasil é "O Colapso da Modernização", lançado em 1991 com prefácio do crítico Roberto Schwarz.
Na obra, escrita após a queda do Muro de Berlim, Kurz vê na derrocada da URSS o fracasso de um regime imposto como forma de "modernização recuperadora" e prevê futuras crises no capitalismo.
Visitante frequente do Brasil, Kurz também colaborava com o caderno "Mais!", que antecedeu a "Ilustríssima".

terça-feira, 31 de julho de 2012

sexta-feira, 1 de junho de 2012

JATAHY-GOIAS

Jatahy 1952- goias ponto de partida para o SERTÃO DO BRASIL- O SERTÃO É O MUNDO.....................

GOVERNADOR DE GOIAS

Governador de goias diz que vai defender o cerrado goiano na Rio+20, numca vi tanto veneno numa cascavel so, desde que usinas de alcool se instalaram em goias tenho visto só AREAS DE CERRADO SEREM  TRANSFORMADAS EM CANAVIAIS, E animais atropelados, .....................

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