Robert Kurz, autor de 'O Colapso da Modernização', morre aos 68
Filósofo e sociólogo alemão teve complicações em cirurgia há 11 diasDE SÃO PAULO
O filósofo e sociólogo alemão Robert Kurz morreu no último dia 18 de julho, aos 68 anos -segundo sua viúva, em decorrência de complicações cirúrgicas logo depois de uma operação no pâncreas.
Considerado inovador da tradição marxista, Kurz, nascido em Nuremberg em 1943, participou da criação da revista e do grupo Krisis, em torno dos quais se desenvolveu a chamada Wertkritik (crítica do valor, em alemão).
A Wertkritik é uma vertente teórica que se propõe a criticar a sociedade capitalista do ponto de vista da produção de mercadorias, usando como principal referencial o conceito de fetichismo da mercadoria tal como proposto por Karl Marx (1818-1883).
No seu "Manifesto contra o Trabalho", publicado em 1999, o grupo de Kurz contesta a tradicional noção marxista que põe a luta de classes como motor da história.
Para o Krisis, a relação entre burguesia e proletariado não é uma luta entre revolucionários e opressores, mas entre dois interesses opostos e necessários ao capitalismo, como integrantes de um único "campo de trabalho".
Em 2004, o grupo sofreu uma cisão, com Kurz e outros integrantes se reagrupando em torno da revista "EXIT!".
O livro mais conhecido do filósofo no Brasil é "O Colapso da Modernização", lançado em 1991 com prefácio do crítico Roberto Schwarz.
Na obra, escrita após a queda do Muro de Berlim, Kurz vê na derrocada da URSS o fracasso de um regime imposto como forma de "modernização recuperadora" e prevê futuras crises no capitalismo.
Visitante frequente do Brasil, Kurz também colaborava com o caderno "Mais!", que antecedeu a "Ilustríssima".
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